Por Bárbara Pombo
Brasília
A defesa dos credores na recuperação judicial da OGX, do Grupo Eike Batista, e a troca de ações do Santander foram as operações de destaque de 2014 no Pinheiro Neto Advogados. Sem grandes expectativas de crescimento em um ano de eleições e Copa do Mundo no Brasil e com um mês de atraso em relação ao orçamento em julho, a banca recuperou a marcha e chegou ao fim do ano com uma projeção de aumento de receita entre 6,5% e 7%.
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“Não era um ano de crescimento. Estamos superando nossas expectativas”, afirma Alexandre Bertoldi, sócio gestor do escritório, um dos mais tradicionais do país.
Mesmo com sinais de desaquecimento da economia, a área de Fusões e Aquisições foi a grande responsável pela superação de expectativas. Após um primeiro semestre fraco, a equipe chegava a fazer três, quatro reuniões por dia para lidar com a demanda, conta Bertoldi.
“Notamos que não há incentivo para grandes aventuras. Mas, apesar da falta de otimismo, empresas que estão aqui a médio e longo prazo estão vendo oportunidades. Além disso, os ativos brasileiros ficaram mais baratos com a alta do dólar”, comenta.
Exceto pela operação de troca de ações do Santander Brasil pelo Santander Espanha, a quase paralisia no mercado de capitais foi sentida pela banca. Ninguém parece ter surfado também na onda de grandes obras de infraestrutura esperadas para a Copa do Mundo e Olimpíadas. “Estávamos preparados, mas ela não veio. Não houve perda, mas sim frustração de expectativa”, diz Bertoldi.
Como a eleição recente para novos sócios indicou, o Pinheiro Neto aposta especialmente em três áreas para 2015:
– Previdenciária: “Percebemos um crescimento mais rápido no número de casos com a unificação da Receita Federal com a Previdenciária [Super-Receita]”.
– Recuperação judicial: “Diante do aperto de crédito e sem alternativa de financiamento, imaginamos que empresas optem por recuperação”.
– Fusões e Aquisições: “O aperto do mercado e a alto do dólar podem gerar operações estruturadas”.
Prevendo um viés de aperto no próximo ano, o desafio da advocacia, segundo Bertoldi, será manter a qualidade e o nível de atendimento sem aumentar os custos para os clientes. “Temos que ser mais conservadores na perspectiva de crescimento, mas não achamos que o mundo acabará ou se resolverá em 2015. Acreditamos em continuidade”, afirma, acrescentando que a eleição da presidente Dilma Rousseff (PT) não alterou o planejamento estratégico da banca. “O aumento dos juros foi uma mensagem positiva e um pragmatismo maior na condução da economia pode ser boa”, completa.
Segundo Bertoldi, o mercado de advocacia está mais competitivo não só pela existência de bons escritórios, mas pelo fortalecimento dos departamentos jurídicos das empresas. “Qualidade e consistência serão fundamentais para o sucesso, e os escritórios têm que ser cautelosos quanto ao crescimento demasiadamente rápido, pois isso pode comprometer a qualidade”, alerta.
Raio X do Pinheiro Neto Advogados
Crescimento da receita: 6,5% a 7%
Novos casos abertos: 800 por mês. Em média, por ano, são abertos 10 mil novos casos. 35% do movimento total é gerado por M&A, 35% pelo contencioso e propriedade intelectual, 25% pela área tributária e 5% pela trabalhista
82 sócios. A partir de janeiro, 85
280 advogados. A proporção é de 3,5 advogados para cada sócio de modo a manter a filosofia do escritório de “crescer organicamente”. “Não pode ser 2 nem 5”, diz Alexandre Bertoldi, sócio gestor do PN. Com três novos sócios a partir de janeiro, a previsão é de contratação de 10 a 15 advogados.
Fonte: http://jota.info/qualidade-sem-aumentar-custos