Com a proximidade dos grandes eventos esportivos que vão acontecer no Brasil - Copa das Confederações, Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos -, organizações da sociedade civil e do governo se mobilizaram nesta sexta-feira (26/4), num encontro em Brasília, para discutir como enfrentar possíveis violações aos direitos das crianças e adolescentes, que tendem a ser potencializadas graças à grande movimentação esperada nesses eventos. Exploração sexual, trabalho infantil, tráfico de crianças e adolescentes, além do uso abusivo de álcool e outras drogas, são algumas das preocupações.
Com a chegada massiva de turistas no país, o turismo sexual com crianças e adolescentes se torna uma das principais inquietações. “Os turistas que vêm para assistir aos jogos são na maioria homens, que provavelmente vêm sozinhos e aí percebemos uma preparação das meninas interessadas na vinda desses estrangeiros – além do turista interno”, disse Tiana Sento-Sé, da Rede Ecpat Brasil, que reúne organizações voltadas ao combate desse crime.
Em discussões iniciadas no ano passado, redes de entidades não governamentais e representantes dos governos federal, estadual e municipal, traçam ações de enfrentamento a serem implementadas nas cidades que vão sediar os jogos. Essas ações articuladas foram discutidas no evento desta sexta-feira.
De acordo com Maria Izabel da Silva, presidente do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), alguns estados cogitam criar postos de plantão, com representantes dos órgãos de proteção dos direitos da crianças e adolescentes, para funcionar durante os eventos e assim dar agilidade ao atendimento.
Outro ponto em discussão é a criação de espaços seguros no entorno dos eventos, para onde seriam levadas crianças perdidas, encontradas em situação de trabalho infantil ou sendo vítimas de outros tipos de violação aos direitos. Além disso, cada estado está constituindo comitês locais que têm, entre suas responsabilidades, a elaboração de um plano integrado de proteção.
“Vamos definir uma agenda de convergência entre governos, sociedade civil, conselhos de direitos e tutelares para garantir a proteção integral de crianças e adolescentes durante esses eventos”, explicou Maria Izabel.
Serão intensificadas também as campanhas de prevenção contra a exploração sexual. “Temos feito uma abordagem junto à rede hoteleira, aos setores de turismo. Temos feito capacitações ao longo dos anos e haverá uma intensificação das campanhas de sensibilização”, conta a integrante da Rede Ecpat Brasil, Tiana Sento-Sé.
A representante da Anced (Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente), Denise Campos, lembra que é importante assegurar que as ações ultrapassem os limites das cidades-sede dos jogos esportivos.“A agenda está focada nas cidades-sede dos jogos, mas existem outras cidades que também vão sentir o reflexo dos jogos. Por isso, as ações têm que ser pensadas de forma mais ampla”, afirmou.
A intenção é que as ações e a rede de proteção, que funcionará pela primeira vez durante a Copa das Confederações, no próximo mês de junho, seja repetida em todos os grandes eventos internacionais e também em festas nacionais e regionais, como carnaval e festas juninas. É o que explica Angélica Goulart, secretária nacional de promoção dos direitos da criança e do adolescente da SDH (Secretaria de Direitos Humanos).
“O Brasil é um país onde as grandes festas acontecem o ano todo. A ideia é construir uma grande metodologia para atuarmos nessas ocasiões e essa metodologia pode ser permanente. Os eventos esportivos vão deixar esse grande legado”, conta Angélica.
Fonte: Agência Brasil
Extraído de Última Instância